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Morador será indenizado por fornecimento de água com excesso de flúor

A 7ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve, por votação unânime, decisão que condenou a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e o município de Pilar do Sul a indenizarem morador que apresentou doença dental decorrente do excesso de flúor presente na água fornecida pela empresa. O valor do reparo foi fixado em R$ 8,5 mil.
 
De acordo com os autos, o autor da ação foi um dos afetados pela distribuição de água com quantidades de flúor muito acima do limite máximo permitido, o que teria causado aos moradores da região uma doença bucal denominada fluorose, que causa má formação dos dentes e aparecimento de manchas brancas ou escuras. Em uma ação civil pública os corréus foram condenados ao fornecimento de tratamento médico-odontológico àqueles acometidos pela doença bucal, bem como ao pagamento de compensação pelos danos estéticos sofridos. 
 
“O dano estético foi comprovado pelas provas constantes dos autos e os prejuízos por ele sofridos em razão das sequelas inerentes a doença bucal são evidentes, sendo indiscutível a obrigatoriedade na reparação do dano causado, objetivando o restabelecimento do respeito à dignidade da pessoa humana”, escreveu o relator do recurso, desembargador Eduardo Gouvêa. “Na espécie, as lesões de Fluorose dentária tendem a afetar a autoestima de seus portadores, ainda mais em se tratando de pessoas jovens, o que poderia até interferir na formação da personalidade.”
 
Completaram o julgamento os desembargadores Luiz Sergio Fernandes de Souza e Moacir Peres.
 
Apelação Cível nº 0000643-57.2018.8.26.0444

Fonte: 
http://www.tjsp.jus.br/Noticias/Noticia?codigoNoticia=61523

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NOTA DO CECOL/USP

O episódio de Pilar do Sul, SP, reitera a importância de as autoridades sanitárias e as empresas operadoras de saneamento considerarem que: 
 
a) todas as águas contêm fluoretos; 
 
b) os teores variam conforme o manancial; 
 
c) águas provenientes de um mesmo manancial podem apresentar variações nos teores de fluoretos ao longo do tempo; 
 
d) a exposição da população a teores inadequados de fluoretos, para menos, está associada estatisticamente com maior prevalência e severidade de cárie dentária; 
 
e) a exposição da população a teores inadequados de fluoretos, para mais, está associada estatisticamente com maior prevalência e severidade de fluorose dentária; 
 
f) nenhuma água pode ser distribuída para consumo humano sem que seja conhecido seu teor de fluoreto;
 
g) assegurar a distribuição de água para consumo humano com teores adequados de fluoretos é responsabilidade pública, tanto da empresa operadora, quanto dos órgãos de vigilância sanitária; e,
 
h) o episódio de Pilar do Sul reitera a importância da fluoretação da água enquanto uma tecnologia de saúde pública e que pressupõe, portanto, o oposto do que ocorreu naquela localidade.